Léo chegou a chorar de ansiedade quando acordou. Leozinho acordou normal, como se fosse um dia comum. Eu, obviamente, estava um pilha de nervos.
A mãe biológica dele chegou um dia antes e estava hospedada num hotel num bairro vizinho ao nosso. Léo providenciou tudo. Ela não pode ir no mesmo carro que eu, pensei. E também não conseguirá chegar sozinha. Peguei o carro de minha irmã e Léo a levou no nosso. É claro que Leozinho estava comigo.
Embora na intimação não constasse a necessidade da presença da criança, achei melhor levá-lo. Eu acreditava que seria a última vez em muitos anos que ela o veria, então, segui os conselhos de minha psicóloga Cíntia. Ela achava importante registrar estes momentos todos juntos.
Léo saiu na frente para busca-la e também as testemunhas. Eu, saí pouco depois. Fui seguindo o caminho que já havíamos feito tantas vezes até o juizado. Caminho conhecido e sempre cheio de recordações. Mas desta vez a emoção foi demais. Eu estava tão nervosa que, de repente, esqueci como chegar lá. E lá estava eu, minha mãe, Leozinho e a babá, no meio do trânsito, perdidos, porque eu, simplesmente, não sabia mais chegar no juizado.
A sensação era de que estava em outra cidade. Olhava para os prédios que cercavam a avenida e não reconhecia o lugar. Foi um branco total. Depois que entrei na rua errada, foi que comecei a me situar do que eu havia feito. Faltavam 10 minutos para a audiência e eu estava presa num engrarrafamento, na rua errada, na avenida mais movimentada da minha cidade. E comecei a chorar.
Chorar não, eu berrava mesmo: “vou perder meu filho!”, “vou perder meu filho!”- eu gritava. Um homem do carro ao lado chegou a parar o carro do meu lado pra ver o que acontecia comigo. Eu não conseguia mais dirigir. Foi quando minha mãe me confortou e voltei ao meu estado normal.
Neste momento eu orei: “meu Deus, me ajude”. Era a única coisa que eu conseguia pedir. Mas pedi de todo coração, com todas as minhas forças. E lembrei da música que cantaram quando Leozinho foi apresentado a Deus na igreja: "Deus cuida de mim, à sombra de suas asas, Deus cuida de mim, e não ando sozinho, não estou sozinho pois sei, Deus cuida de mim".
Chegamos atrasados 30 minutos na audiência. Eu nem subi de elevador. Fui de escada mesmo. Cheguei sem fôlego, mas minha advogada disse que eu ficasse tranqüila. Conversou com a juíza e estavam me aguardando.
Ela estava lá na ante-sala. Estava aparentemente calma. Eu entrei sozinha na sala da audiência. Ela esqueceu o documento de identidade no carro e Léo foi buscar.
Na sala me aguardavam a juíza, minha advogada, duas testemunhas. Um rapaz digitava e uma mulher acompanhava a juíza. Minha advogada, maravilhosa como sempre, me acalmou quando disse que provavelmente sairíamos dali com um mandato para a nova certidão.
A juíza me perguntou sobre minha convivência com o bebê. Era ótima. Perguntou se eu conheci a mãe biológica dele antes do parto. Disse que não. Neste momento ela entrou na sala. A juíza perguntou pra ela se havia certeza no que ela estava fazendo. Perguntou se ela não iria se arrepender. Ela disse que não. Em tudo ela disse que não. A juíza então deu a sentença. Leozinho era nosso filho.
Saí da sala e fui com ela até uma saleta, aonde eu pedi para minha mãe me aguardar com Leozinho enquanto a audiência acontecesse. Não deixei que ela visse o menino antes da audiência. Egoísmo meu? Acho que não. Hoje eu sei que mesmo se ela tivesse visto a história seria a mesma, pois a decisão já estava tomada.
Quando ela o viu, sorriu. Eu disse pra ela carregá-lo. Ela o pegou nos braços. Não pude deixar de sentir uma dor no meu peito. Abracei forte minha mãe. Ela não estava entendendo nada. E eu disse: “ele é nosso”. Minha mãe chorou discretamente.
Tiramos algumas fotos com ela. Era importante pra ele ver que ele não foi uma criança abandonada, ou tomada à força. Foi uma decisão consciente, baseada numa situação sem expectativa de melhora real. Uma decisão que salvaria a vida dele, afinal ele estava muito fraco e anêmico.
A mãe biológica dele chegou um dia antes e estava hospedada num hotel num bairro vizinho ao nosso. Léo providenciou tudo. Ela não pode ir no mesmo carro que eu, pensei. E também não conseguirá chegar sozinha. Peguei o carro de minha irmã e Léo a levou no nosso. É claro que Leozinho estava comigo.
Embora na intimação não constasse a necessidade da presença da criança, achei melhor levá-lo. Eu acreditava que seria a última vez em muitos anos que ela o veria, então, segui os conselhos de minha psicóloga Cíntia. Ela achava importante registrar estes momentos todos juntos.
Léo saiu na frente para busca-la e também as testemunhas. Eu, saí pouco depois. Fui seguindo o caminho que já havíamos feito tantas vezes até o juizado. Caminho conhecido e sempre cheio de recordações. Mas desta vez a emoção foi demais. Eu estava tão nervosa que, de repente, esqueci como chegar lá. E lá estava eu, minha mãe, Leozinho e a babá, no meio do trânsito, perdidos, porque eu, simplesmente, não sabia mais chegar no juizado.
A sensação era de que estava em outra cidade. Olhava para os prédios que cercavam a avenida e não reconhecia o lugar. Foi um branco total. Depois que entrei na rua errada, foi que comecei a me situar do que eu havia feito. Faltavam 10 minutos para a audiência e eu estava presa num engrarrafamento, na rua errada, na avenida mais movimentada da minha cidade. E comecei a chorar.
Chorar não, eu berrava mesmo: “vou perder meu filho!”, “vou perder meu filho!”- eu gritava. Um homem do carro ao lado chegou a parar o carro do meu lado pra ver o que acontecia comigo. Eu não conseguia mais dirigir. Foi quando minha mãe me confortou e voltei ao meu estado normal.
Neste momento eu orei: “meu Deus, me ajude”. Era a única coisa que eu conseguia pedir. Mas pedi de todo coração, com todas as minhas forças. E lembrei da música que cantaram quando Leozinho foi apresentado a Deus na igreja: "Deus cuida de mim, à sombra de suas asas, Deus cuida de mim, e não ando sozinho, não estou sozinho pois sei, Deus cuida de mim".
Chegamos atrasados 30 minutos na audiência. Eu nem subi de elevador. Fui de escada mesmo. Cheguei sem fôlego, mas minha advogada disse que eu ficasse tranqüila. Conversou com a juíza e estavam me aguardando.
Ela estava lá na ante-sala. Estava aparentemente calma. Eu entrei sozinha na sala da audiência. Ela esqueceu o documento de identidade no carro e Léo foi buscar.
Na sala me aguardavam a juíza, minha advogada, duas testemunhas. Um rapaz digitava e uma mulher acompanhava a juíza. Minha advogada, maravilhosa como sempre, me acalmou quando disse que provavelmente sairíamos dali com um mandato para a nova certidão.
A juíza me perguntou sobre minha convivência com o bebê. Era ótima. Perguntou se eu conheci a mãe biológica dele antes do parto. Disse que não. Neste momento ela entrou na sala. A juíza perguntou pra ela se havia certeza no que ela estava fazendo. Perguntou se ela não iria se arrepender. Ela disse que não. Em tudo ela disse que não. A juíza então deu a sentença. Leozinho era nosso filho.
Saí da sala e fui com ela até uma saleta, aonde eu pedi para minha mãe me aguardar com Leozinho enquanto a audiência acontecesse. Não deixei que ela visse o menino antes da audiência. Egoísmo meu? Acho que não. Hoje eu sei que mesmo se ela tivesse visto a história seria a mesma, pois a decisão já estava tomada.
Quando ela o viu, sorriu. Eu disse pra ela carregá-lo. Ela o pegou nos braços. Não pude deixar de sentir uma dor no meu peito. Abracei forte minha mãe. Ela não estava entendendo nada. E eu disse: “ele é nosso”. Minha mãe chorou discretamente.
Tiramos algumas fotos com ela. Era importante pra ele ver que ele não foi uma criança abandonada, ou tomada à força. Foi uma decisão consciente, baseada numa situação sem expectativa de melhora real. Uma decisão que salvaria a vida dele, afinal ele estava muito fraco e anêmico.
No estacionamento nos despedimos. Não houve lágrimas. Mas ela estava com aquele mesmo olhar do dia em que assinou a autorização de viagem. Um olhar triste, mas certo de que estava fazendo o melhor.
Eu, meu marido e nosso filho nos envolvemos num abraço. Minha família. E só Deus poderia levar Leozinho de nós.
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