Capítulo 22 - Uma Guarda Judicial

Uma cliente nossa era advogada e acertamos com ela pra que seu escritório assumisse nosso caso. O seu trabalho era conseguirmos a guarda do nosso filho.

É o medo de toda pessoa que adota sem intermediação do juizado. Quando a mãe doa a criança diretamente para um casal, ela pode pedir o filho de volta a qualquer momento. Até sair a guarda definitiva.

Cada vez que o telefone tocava ficava com medo de ser minha tia de Valença. Orava todos os dias para Deus ajudar a mãe biológica dele a se sentir confortada. Orava pra que ninguém da família viesse a requerer a guarda do menino. E o que eu mais desejava era que chegasse logo o dia da audiência e que pudéssemos finalmente ter uma certidão de nascimento com nossos nomes como pais.

A audiência foi numa terça-feira e nós já enviamos dinheiro pra minha prima vir com a mãe biológica do nosso filho de Valença para Salvador. Já havíamos reservado uma pousada.

Estávamos tão ansiosos... a advogada disse que se a mãe mostrasse firmeza na sua decisão o juiz daria a guarda definitiva na hora. Eu não acreditava muito que isso fosse acontecer, pelos depoimentos que escutava. Mas, também era muito improvável que eu tivesse um filho ainda naquele ano e eu estava ali com meu bebê.

Passamos mais uma vez pela análise da psicóloga, a Dra Cíntia. Maravilhosa como sempre, e ela quis saber de todos os detalhes.Ao final da análise deu o parecer favorável.
A analise da assistente social demorou mais de acontecer. No dia que ela veio o bebê estava dormindo aqui no escritório, no carrinho. Ela veio rapidamente e foi embora rapidamente.

Léo me confessou que chorou ao pensar que a mãe biológica poderia requerer o bebê. Eu orei muito a Deus, pedindo que se fosse pra devolver alguma criança, que Ele não deixasse que ele chegasse aos meus braços.

Ele pode não ter saído de minha barriga, mas entrou no meu coração – como já disse a esposa de Juca Chaves ao adotar sua filhinha, a Clara. Fiz minhas as palavras dela.

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